Fenda Lábio Palatina é uma malformação congênita, ou seja, é uma incorreção anatômica presente em alguns indivíduos desde antes do nascimento. Trata-se de uma fenda que resulta da falta de fusão de tecidos e músculos da região oral, podendo atingir somente o lábio superior ou, em casos mais complicados, estender-se até o palato: o céu-da-boca.
É possível afirmar que as fendas labiais e palatinas podem estar associadas ou isoladas e que possuem características clinicas e etiológicas distintas. Ainda não é possível apontar um fator específico que promova a falha na fusão dos processos ósseos, porém, existem situações que potencializam a ocorrência da má formação congênita. Os problemas mais comuns são a dificuldade na emissão de determinadas consoantes e voz nasalada (fanhosa). Logo, as crianças com Fenda Lábio Palatina poderão pois precisar de terapia da fala e correção dos dentes, o que acaba por envolver mais de um profissional, porque também para evitar deformações na arcada dentária e no posicionamento dos dentes, o ortodontista recomendará o uso de aparelhos ortodônticos nos primeiros anos de vida da criança.
E o tratamento deve ser realizado por uma equipe de diferentes profissionais: médicos, dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos que atuarão A prevenção ainda não é uma realidade, uma vez que, é uma doença multifatorial, mas os avanços da medicina já permitem o diagnóstico precoce.
Relato do caso
A paciente com 7 anos de idade, sexo feminino, cor parda, foi encaminhada à clínica de Odontopediatria de uma faculdade pública do Rio de Janeiro para tratamento odontológico. Durante consulta, a mãe relatou que a criança era portadora de fissura palatina e alterações cardíacas. Também confirmou a ausência de outros indivíduos na família afetados pela malformação. No exame clínico intrabucal, foi verificada a presença de fissura palatina pós-forame incisivo incompleta (Figura 1). Sua fala era anasalada, deficiente e possuía halitose. Demonstrava medo, dificuldades no relacionamento pessoal e baixa auto-estima.
Solicitou-se autorização médica para tratamento odontológico sob anestesia local.
A mãe e a criança receberam orientações em relação à higiene bucal e dieta de controle da sacarose. Durante as primeiras consultas, a criança resistiu ao tratamento e, com o tempo, percebeu-se melhora no comportamento e maior socialização, auto-estima recuperada e cuidados com a higiene bucal e pessoal.
Em seguida, a criança foi encaminhada para a realização da cirurgia reparadora (Figura 2). Depois do período de recuperação, iniciou tratamento fonoaudiológico e psicológico, foi matriculada em uma escola e continuou recebendo acompanhamento odontológico.
Figura 1. Aspecto clínico da fissura palatina pós-forame incompleta.
Figura 2. Aspecto clínico após o tratamento cirúrgico restaurador e a palatoplastia